quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Tartarugas voltam a povoar o mar de Búzios

Protegidas por lei federal nos dias de hoje
Leis rígidas, fiscalização intensa e campanhas permanentes de sensibilização e educação ambiental informando usuários de praias, moradores, empresários, pescadores e turistas sobre a importância da colaboração de todos para que as tartarugas marinhas possam dar continuidade ao seu ciclo de vida, parece estar dando certo. Pelo menos em Búzios, onde dezenas delas já podem ser observadas o ano inteiro.
Nas praias de Geribá, Ferradura e Manguinhos é comum vê-las aos montes flutuando ou mergulhando ao sabor das marés, mas é na Armação mais do que em qualquer outra praia que essas tartarugas se concentram, provavelmente em busca do alimento que a movimentação diária de carga e descarga dos barcos pesqueiros propicia.
- Nos últimos três anos, todos os dias, 16 tartarugas adultas vêm aqui a procura de comida, das 8h as 15h, depois elas somem, vão para outro lugar. Antigamente não tínhamos tanta tartaruga na Costa como agora porque a captura era permitida. Outro motivo é que elas se alimentam de algas, limo e água viva, cada vez mais escassos na região, e como esse é um local de pesca, aqui elas sempre encontram restos de peixes. Muita gente diz que os pescadores de Búzios continuam matando as tartarugas para comer, mas isso não é verdade. Comer peixe morto tornou a carne da tartaruga tóxica. Há pouco tempo fizeram biopsia em uma e constataram que a gordura delas que era verde agora é vermelha e amarelada, por causa dessa mudança alimentar – conta Betinho, da Câmara de gelo.
- O fato de ser crime inafiançável e poder resultar em até cinco anos de cadeia para quem for pego matando tartaruga foi o que coibiu essa prática entre os pescadores. Depois do óleo proveniente das grandes embarcações, é com a ação de redes de pesca que elas sofrem mais. Segundo as pesquisas, cerca de 70% das tartarugas que são recolhidas estão com avarias nas nadadeiras causadas por cordas ou redes. Outro causa das mortes é que elas confundem o lixo deixado no mar e os dejetos com a alimentação natural e acabam ficando doentes ou sendo levadas à óbito por ingerir materiais diversos, inclusive plásticos, que ficam alojados no estômago ou aparelho respiratório dos animais, - explica a professora de biologia Lizandra Couto.
- Mergulho em Búzios com frequência. Atualmente é possível ver tartarugas em todas as praias do município, apesar de uma grande parte delas serem mortas por redes de espera e de arrasto. Protegidas por lei federal nos dias de hoje, elas são muito mais abundantes do que eram tempos atrás. O problema das redes de pesca é que elas matam todos os tipos de animais, mesmo os protegidos por lei, em risco de extinção. Deveria haver uma penalidade mais severa para esse tipo de crime, ou proibir de uma vez todo o tipo de rede nas regiões costeiras – diz o professor de educação física e mergulhador Gerhard Walter.
Observação de tartarugas vira projeto turístico em Ubatuba
No mês passado, o Projeto Tamar em Ubatuba-SP, através de uma parceria com a Secretaria Municipal de Turismo, realizou um curso direcionado aos guias de turismo e monitores ambientais credenciados no município com o objetivo de fornecer subsídios técnicos para aprimorar a atuação destes profissionais, buscando valorizar a significativa presença de tartarugas nas praias e costões rochosos de Ubatuba. O 1º Curso de Observação de Tartarugas Marinhas teve três aulas teóricas e foram abordados temas como o turismo de observação de fauna no Brasil, a observação turística de tartarugas realizada em outros países, a biologia das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil (todas ameaçadas de extinção). Após a capacitação a cidade passou a oferecer o serviço aos turistas que visitam a região. Devido a grande procura e aos ótimos resultados desta primeira edição novos cursos já estão sendo organizados.

Fonte: Jornal Primeira Hora

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